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Como melhorar a propriocepção

A leitura que você fará a seguir é a tradução de partes de um texto de um Rolfista® americano chamado Todd Hargrove. Tenho escrito muito sobre a importância de nos sentirmos mais para nos movermos melhor. Esse texto explica um pouco mais o que já venho colocando. Ele fala sobre a propriocepção, ou seja, o ato de o cérebro receber informações sobre o posicionamento das articulações o tempo todo, e como podemos refinar essa capacidade com  treino.

A maior parte do tempo não temos consciência dessa atividade, mas podemos aumentar essa  percepção através dos exercícios. Semana que vem, você receberá a segunda parte deste texto que aborda a importância de nos movimentarmos sempre e como dores podem perturbar  a percepção do nosso corpo.

 

Como melhorar a propriocepção

O que é exatamente propriocepção? Você poderia chamar de sensação do corpo ou cinestesia. Propriocepção é a habilidade do cérebro de sentir as posições e os movimentos das diferentes partes do corpo. É a propriocepção que faz com que você saiba exatamente onde a sua mão está no espaço quando você a mexe, mesmo com os olhos fechados.

Todo movimento coordenado depende da propriocepção. Quando ela está comprometida, seja por uma doença neurológica, seja por embriaguez, atividades aparentemente simples como andar ou ficar de pé se tornam muito difíceis de serem realizadas. Deveria ser óbvio que altos níveis de movimentos nos esportes e na dança requeiram um alto nível de sensação corporal. Por exemplo, não há chance de dar uma cambalhota para trás e cair de pé equilibrado numa barra, sem que se saiba exatamente o que o corpo está fazendo o tempo todo. Uma observação acurada do corpo também é essencial para que você possa senti-lo bem, livre de dores. Problemas com a propriocepção podem ser a causa das dores.

Assim, melhorar a propriocepção é uma excelente meta para qualquer um que queira aprimorar seu rendimento no esporte ou reduzir dores no corpo. Por isso, afirmo que qualquer terapia ou método de treinamento que prime pela eficiência, deve trabalhar primariamente a propriocepção.

O cérebro mapeia o corpo

A chave para o entendimento sobre a propriocepção são os mapas corporais. Eles são partes do cérebro que se organizam de maneira a representar as diferentes partes do corpo, como as linhas de um mapa representam ruas. Cada parte do corpo tem uma área separada do cérebro dedicada ao movimento e às sensações daquela parte. Temos mãos e temos mãos virtuais no cérebro: partes do cérebro que representam o tamanho, a forma e a posição das mãos. O cérebro cria espaço também para representação de objetos inanimados, que temos que sentir e controlar, como uma raquete de tênis, uma ferramenta, uma caneta etc.

Bons movimentos precisam de bons mapas corporais

Se o cérebro usa esse mapa para decidir sobre como o corpo se move, é óbvio que quanto melhor e mais detalhado for o mapa, melhor e mais preciso será o movimento. Ao contrário, se o mapa estiver pouco claro e difuso, a possibilidade de realizarmos movimentos diferentes será instável.

Outra indicação de que o mapa é essencial para coordenação, é o fato de que ele se torna maior quando a demanda é grande. Por exemplo: a parte do cérebro de um músico que sente e controla os dedos é nitidamente maior que a mesma parte de uma pessoa que não usa tanto as mãos.

Esses pontos são ilustrados pelo fato de que partes do corpo que têm maior demanda de movimentos têm mapas maiores. Por exemplo: a mão é capaz de fazer movimentos complicados e diferenciados, e o cérebro possui uma grande área dedicada às suas sensações e aos movimentos.

Ao mesmo tempo, partes do corpo que não sentimos muito, como o meio das costas ou os cotovelos, ocupam pouco espaço no cérebro.

A figura abaixo, chamada de homúnculo, mostra como as diferentes partes do corpo são representadas no cérebro:

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